terça-feira, 2 de julho de 2013

Bar do amigo

A gente sabe que amor não se pede,
a gente sabe que amor não se cobra.
a gente sabe muito bem.

Mas tem dias que, mesmo sabendo, a gente teima.
A gente quer uma palavrinha bonita aqui e outra ali.
A gente quer afagar o coração. A gente quer se sentir seguro.

E a palavra não vem. O gesto ficou guardado,
o dia mais gelado, o coração desolado.

A carência é uma coisa burra. Não sabe viver sozinha.
Ela gruda, fica, e continua, justo nesses momentos em que a gente
sabe muito, e ainda teima.

Menos a gente, e muito mais eu,
tenho me sentido tão burra esses dias.
Preciso de um copo de razão.
Preciso virar um shot de confiança.

Quem sabe fico mais inteligente.



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dia Mês

Aquele dia que você está cercado por mil pessoas, mas ainda assim se sente só.
Aquele dia que você tem mil planos, e não sabe nem por onde começar.
Aquele dia que você só quer uma saída, um conforto, uma palavra amiga, mas não encontra nem as chaves.
Aquele dia que você só quer um colo, mas o mais próximo disso que você tem é a poltroninha velha da sala.
Aquele dia que você tem tanta confusão dentro da cabeça que se tentar se organizar se perde mais ainda.
Aquele dia que você quer tudo e nada ao mesmo tempo.
Aquele dia que te resta pra tomar a decisão da sua vida e você não sabe ainda nem o que vai jantar.
Aquele dia que você queria sentir o conforto de alguém especial, mas você repara que é melhor deixar pra lá.

Aquele dia que você não vê a hora de acabar.
Que bom que cada mês não passa de 31 dias...
Tem dias que parecem anos.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cara ou coroa

Gosto tanto de surpresas. Mas dessas que te surpreendem mesmo, sabe?

Daquele dia cinza em que, de uma hora para a outra, aparece o sol, egoísta e presunçoso.
Daquela discussão em que, de repente, surge uma desculpa, um arrependimento, um "eu te amo" sincero.
Daquele vestido furado que, depois da mágica materna, surge novinho no seu armário.

Daquela geladeira vazia que quando você despretensioso repara, acaba encontrando um chocolate bem lá no fundo.
Daquela memória que, antes sombria, passa a te guiar, mostrando os caminhos errados que você já percorreu.

Daquele pessoa imprevisível que, sem mais nem menos, te enche de mimos e carinho.
Daquele amor que, sem que você perceba ou peça, sabe te ler inteirinha e traduzir cada sentimento silenciado.
Daquele que te lê com os olhos e que, de um instante a outro, sabe o que você quer, do que você precisa, e como te fazer feliz.

O inesperado pode ser mesmo um bom amigo. Mas é moeda de duas faces.
Cara e coroa. Quando é cara vem contente, quando coroa imponente.

Nessa história de jogar a moeda pro alto, costumava dar de cara com a coroa, sempre.
E nada das surpresas boas, nada dos videntes imprevisíveis à minha volta.

Até que um dia surpreendi-me com a cara. Uma, duas, três vezes...
E resolvi continuar apostando em cara, e desde então a sorte parece ter me acompanhado.

Mas, no fundo, não é questão de sorte. É questão de ver que até a coroa
tem uma cara boa.


Dever de casa

Queria ser mais segura, queria ter menos medo.
É muita coisa pela qual eu temo, é muita coisa pela qual eu zelo.
Será que é questão de ligar menos, ou estimular meu desapego?
Será que é expectativa alta e pouco sossego?

Sei que de certo só tenho o passado, de seguro só tenho o agora.
Quisera eu ter por garantido tudo aquilo que me consome:
o amor, o sorriso, o amigo, o carinho, o abraço e a euforia,
sem medo, sem perigo, sem risco, sem abismo...

Que o temor não vire lombada, que o muro não vire linha de chegada.
As pessoas não são as mesmas, as feridas são renovadas. De ralado à
cicatriz, de pancada a hematoma.

A gente se cura, mas a lembrança sempre figura.
Não quero traumas. Quero lições.

(Texto escrito há meses. Jogadinho no rascunho, coitado).



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Hospedeira

Felicidade, um pedaço, um momento, uma peça, uma parte.
Nunca inteira, nunca plena, nunca toda, nunca eterna.

Essa é a graça.
Ser passageira e temporal. Lenta ou apressada, mas efêmera.

Sem ficar por muito tempo, não é daquelas hospedes do tipo inconvenientes.

Ela chega, bate na porta, dá um oi e um abraço.
Senta, toma um café, e logo se vai. Sem demorar,
se despede curta e fria. Estranho vê-la da janela, indo embora.
Quando irá voltar?

Nunca se sabe.
Mas é sempre bom estar preparado para essa visita.
Geralmente, ela chega de mansinho, de surpresa, sorrateira.

Daquela maneira que você fica sem graça, sem jeito, sem tom,
mas seu sorriso se abre, e você nem sabe o porquê.
Você vai fazer de tudo pra manter essa visita o mais tempo possível
dentro da sua casa. Mas ela não se tarda. Ela segue o vento, leve,
sem rumo, retirante, desapegada.

Bate o vento e lá vai ela.

Mas que graça teria se ficasse? O que fica, o que permanece, cansa.
O que continua vira rotina. E da rotina quero distância. Felicidade nenhuma
merece virar rotina, ela é boa demais pra virar um hábito.

Por isso, fico calma. Abraço o silêncio - quando preciso -, escuto a tristeza quando
ela quer falar, e deixo a porta sempre aberta para quando a minha hóspede favorita resolver
aparecer. Até por que, ela sempre volta... a felicidade sempre volta.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Arma de fogo

Existem pessoas que machucam as outras sem terem a intenção. Para estas, um perdão sincero. Quem perdoa, só tem a ganhar. É menos rancor, menos dor, menos gastrite.

Mas existem outras que machucam para ferir, que se armam com as piores palavras, as mais cruéis e indomáveis. À estas, eu desejo apenas que encontrem, um dia, a paz interna, a felicidade e, sobretudo, o amadurecimento. Por que se são assim, destas que sentem prazer em ferir, em gritar espinhos, com toda a certeza do mundo eu digo: são infelizes, desconhecem o carinho e o afeto.

Não guardo rancor, não desejo o mal. Só espero que elas se encontrem.
Afinal, existem palavras de fogo. E aqueles que as pronunciam, são também criminosos.

Agradeço a vida por ter olhado por mim, e ter me afastado desse tipo de gente.
Claro, que, às vezes, ainda me surpreendo em querer reatar o contato. Ingenuidades
à parte, é que tenho esperança nas pessoas. Tenho fé que o que há de bom em cada um
possa florescer, um dia.

sábado, 25 de agosto de 2012

Nova fórmula: Autocontrole.

Às vezes a gente se engana. Sobre alguém, sobre algo, sobre tudo.
É normal se enganar, sabe. Mais do que parece, mais do que imaginamos, mais do que queríamos.
O nosso primeiro tombo que o diga. Ninguém imaginou que fosse tropeçar, simplesmente se deixou levar, e caiu, sem que realmente quisesse. As ilusões nos atraem para o tropeço, as falsas expectativas nos conduzem ao engano trapaceiro, e é assim que caminham nossas vidas. Mas o melhor de tudo é que precisamos cair, precisamos conhecer bem o chão para poder, depois, nos levantar, saber como é se reerguer, saber em que e em quem nos apoiar. Quando o tombo chega, as pessoas mostram quem realmente são. E as surpresas podem ser boas. Essa é a melhor parte. Quando você está lá embaixo, encolhido, sem força, ainda frágil, machucado, surgem umas luzes, umas formas, umas pessoas que você definitivamente não esperava que aparecessem. E lhe estendem uma mão, duas, três... E quando você vê já está em pé, com algumas feridas, mas já se despedindo da UTI emocional. E, de repente, você vê tudo com outros olhos. Começa a avaliar seu tombo, e reavaliar as situações que te levaram à queda. Aquilo que o fez cair não era tudo o que você imaginava, de alguma maneira lhe frustrou, rompeu com as suas expectativas, e o pior, estava longe de ser o que você imaginava. E, de uma hora para a outra, você começa a agradecer por ter caído, escorregado. Por ter se entregado a dor, por ter se permitido sofrer. Afinal, só entende o que é felicidade quem já conheceu a tristeza, nua e crua. Evitar o sofrimento é adiar o tombo, é enganar a si mesmo achando que sofrer não ajuda a superar, ou a melhorar. E por experiência própria eu digo, só supera quem se permite cair, quem se entrega à queda. Mas da mesma forma que é importante desmoronar, sentir todos os sentimentos ruins depois de um término, de uma perda, de uma saudade sem solução, é essencial sair do buraco, e querer com todas as forças sair dele. Afinal, nós somos donos dos nossos próprios sentidos e sentimentos. Temos que aprender a dominar e a controlar todos os sentimentos que teimam em extrapolar dentro de nós, a passar dos limites. Só assim conseguimos, pelo menos, adestrar nossa dor, e afastá-la pouco a pouco.