sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dia Mês

Aquele dia que você está cercado por mil pessoas, mas ainda assim se sente só.
Aquele dia que você tem mil planos, e não sabe nem por onde começar.
Aquele dia que você só quer uma saída, um conforto, uma palavra amiga, mas não encontra nem as chaves.
Aquele dia que você só quer um colo, mas o mais próximo disso que você tem é a poltroninha velha da sala.
Aquele dia que você tem tanta confusão dentro da cabeça que se tentar se organizar se perde mais ainda.
Aquele dia que você quer tudo e nada ao mesmo tempo.
Aquele dia que te resta pra tomar a decisão da sua vida e você não sabe ainda nem o que vai jantar.
Aquele dia que você queria sentir o conforto de alguém especial, mas você repara que é melhor deixar pra lá.

Aquele dia que você não vê a hora de acabar.
Que bom que cada mês não passa de 31 dias...
Tem dias que parecem anos.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cara ou coroa

Gosto tanto de surpresas. Mas dessas que te surpreendem mesmo, sabe?

Daquele dia cinza em que, de uma hora para a outra, aparece o sol, egoísta e presunçoso.
Daquela discussão em que, de repente, surge uma desculpa, um arrependimento, um "eu te amo" sincero.
Daquele vestido furado que, depois da mágica materna, surge novinho no seu armário.

Daquela geladeira vazia que quando você despretensioso repara, acaba encontrando um chocolate bem lá no fundo.
Daquela memória que, antes sombria, passa a te guiar, mostrando os caminhos errados que você já percorreu.

Daquele pessoa imprevisível que, sem mais nem menos, te enche de mimos e carinho.
Daquele amor que, sem que você perceba ou peça, sabe te ler inteirinha e traduzir cada sentimento silenciado.
Daquele que te lê com os olhos e que, de um instante a outro, sabe o que você quer, do que você precisa, e como te fazer feliz.

O inesperado pode ser mesmo um bom amigo. Mas é moeda de duas faces.
Cara e coroa. Quando é cara vem contente, quando coroa imponente.

Nessa história de jogar a moeda pro alto, costumava dar de cara com a coroa, sempre.
E nada das surpresas boas, nada dos videntes imprevisíveis à minha volta.

Até que um dia surpreendi-me com a cara. Uma, duas, três vezes...
E resolvi continuar apostando em cara, e desde então a sorte parece ter me acompanhado.

Mas, no fundo, não é questão de sorte. É questão de ver que até a coroa
tem uma cara boa.


Dever de casa

Queria ser mais segura, queria ter menos medo.
É muita coisa pela qual eu temo, é muita coisa pela qual eu zelo.
Será que é questão de ligar menos, ou estimular meu desapego?
Será que é expectativa alta e pouco sossego?

Sei que de certo só tenho o passado, de seguro só tenho o agora.
Quisera eu ter por garantido tudo aquilo que me consome:
o amor, o sorriso, o amigo, o carinho, o abraço e a euforia,
sem medo, sem perigo, sem risco, sem abismo...

Que o temor não vire lombada, que o muro não vire linha de chegada.
As pessoas não são as mesmas, as feridas são renovadas. De ralado à
cicatriz, de pancada a hematoma.

A gente se cura, mas a lembrança sempre figura.
Não quero traumas. Quero lições.

(Texto escrito há meses. Jogadinho no rascunho, coitado).