domingo, 11 de dezembro de 2011

Fonte da juventude

Por quanto tempo eu serei jovem ?

Não jovem no sentido literal, aquele que ainda não teme mostrar o RG e suas datas maquiavélicas, não encara a bebida como assassina, dirige acima do limite por acreditar ter um lado imortal.
Não esse jovem ao pé da letra, mas jovem de espirito, de pensamento, de atitude.

Jovem por completo, seja com 20 ou com 50 anos, é aquele que não acredita na velhice pessoal,
mas na velhice do mundo.

...Aquela casa que ela sempre morou já esta caindo aos pedaços, segundo o seu olhar. Já tem mofo em toda parte e cheira muito a passado. Resolve se mudar, ainda é nova pra isso, mesmo que passadas tantas décadas. Aquela mania que parecia eterna de almoçar e jantar no mesmo horario, uma comida rotineira com gosto de sempre, quase sem graça foi enfiada no lixo com embalagem e tudo. Resolve mudar, e virar gastronoma em sua própria cozinha, chef de si mesma. O despertador sempre cobrando pontualidade, foi arremessado pela janela, era fim de semana no seu calendário-muito divergente do real-não havia problema. O tempo não precisa ser medido mesmo, não por idade, não pelo relógio.

Assim que eu vislumbro meu futuro, não muito próximo, não muito distante.
Quebrando rotinas que me tornaram acomodada, mudando de casa, de cidade, de país quando o vento o quiser, e dizendo ao tempo que ele não me define. Essa é a minha juventude ideal(ou idealizada?)

As mudanças, a minha vontade, os meus sonhos, e como concretizo meus anseios talvez poderão me responder, um dia, por quanto tempo eu serei jovem.

Por enquanto, me resta sonhar ingenuamente que meus 20 anos serão eternos por mais 50.



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

R. Carvalho

Sabe, tem pessoas que merecem ser amadas. Não pela beleza,
nem pela estatura. Tampouco pelos lindos olhos. Mas pelo que fazem,
pelo que movem, pelo que têm dentro, por seus corações.

Conheço uma que, ainda que conte com uma beleza divina e corpo
"a la michelangelo", possui muito mais do que enxergam os olhos.
Tem uma paciência digna de canonização, e espalha um carinho
sem preguiça. Com o maior cuidado do mundo escuta com uma atenção
intacta e oferece seus ombros às lagrimas de outrem.
Ainda que pareça, não é santo não. Pelo contrário, é vivo e está muito
próximo de nós, de mim! Na verdade... É sim uma espécie de santo.

O meu santo da paciência.
Merece ser amado, por todo cuidado que tem,
merece ser querido e estimado, pelo amigo que é,
e merece ter alguém que o ame e lhe cuide também.

Por todo amor, por todo ombro, por escutar, por cada carinho,
por cada pedacinho, tento palavrear o que sinto por ele,
ainda que letras não sejam suficientes, e palavras não consigam decifrar por completo tais sentimentos.
As vezes um amor escrito, não que se torne mais bonito,
mas é mais declarado, mais cara de pau.
E quem ama declara, quem ama grita, quem ama berra o amor.
Por isso não me calo e não me canso, é muito amor, é muito querer te amar.

Ao meu santo da paciência.

domingo, 26 de junho de 2011

Miopia

Alguma coisa sobre seus olhos. Diziam tanto, mas não se podia ouvir.
Falavam sem enunciar, faziam-me sentir sem me tocar.

Mas os olhos são espertos, por hora desonestos.
Olhos de vidro, adestrados pro engano.

Acreditei, um dia, que eram a janela da alma. Mas que alma é essa que se manifesta sem
toque, sem palavra, sem gestos, sem pronuncia?
Nao quero uma alma muda, que ame em silêncio, que escape pelo olhos, apenas, acomodada, contenta.

Sou filha de todos os sentidos. Preciso daquele amor vivo e estridente,
insatisfeito e ambicioso.

Por isso, não mais me permito, não me deixo e nem me engano: são só seus olhos.

sexta-feira, 25 de março de 2011

todo dia, o dia todo

Perco a noção do tempo e do espaço.
Nem tudo que não é certo é errado.
O vazio tá mais revirado, tá mais alojado, tá mais criativo.
Tá aqui e tá ali. Tá em todo o lugar.
Olho pra lá e vejo tanta coisa.
Tem prédio, tem rua, tem luz, tem gente, tem um, tem outro, tem outros, apenas outros.
Mas ver não é enxergar. Vejo tanto e enxergo tão pouco.
Enxergo absolutamente o nada.
Fico vazia.
Sou vazia?
Não sinto, não minto, não nego, não me entrego.
Simplesmente não.
É o meu ensaio sobre a cegueira, meu próprio ensaio.
O ócio como protagonista e minha loucura como figurante.
Cabe a cada um o papel que lhe foi conferido, se ousarem brigar pela troca aí é que o bicho pega... É a encenação ganhando vida, a loucura se achando divina.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Minha ponte

Algumas palavras vêm carregadas de vento. São as que despejo em um lugar dentro de mim onde a importância é insignificante. Outras vêm intensas e repletas de sentimento, são as que guardo na parte que tem mais voz ativa dentro de mim: o coração.

As palavras podem ser apenas palavras, com letras soltas entre tantas outras, cuja única função é a de comunicar. Mas podem ser poderosas e maldosas, ferir mais que um punhal, agredir como uma fera, arrancar, estraçalhar, deixar em pedaços. Quase não fazem parte de mim, e se conseguem se aproximar, encontro um jeito de fugir. Fujo do que me faz mal, fujo do mal propriamente dito - em palavras.
Mas existem as sábias, raras e preciosas, palavras amigas e conselheiras, que iluminam e auxiliam. Gosto tanto delas... Costumam sair de bocas amigas e preocupadas.
As minhas favoritas, porém, são aquelas destemidas, que não conhecem o medo. Cheias de verdade e sinceridade implicitas. São as que trafegam nas pontes dos corações. Sai de um e chega ao outro.
Não costumo ouvi-las com muita frequencia, meu coração frio e cauteloso bloqueia minhas pontes. Mas quando ouço palavras que por elas teimam em passar, escuto cada uma como uma criança que ouve uma nova história, com tamanha devoção, a ponto de desobstruir a passagem até então interrompida. Por isso amo tanto as palavras, são elas que me movem e me comovem.