Quando seu carro da vida começa a apresentar defeitinhos, não de fabricação,
mas de uso mesmo. Infelizmente, já não existem mecânicos aptos a consertar tais probleminhas - o tempo matara todos.
Neste momento do breque desajeitado é que você se dá conta
de que, agora, suas decisões passam a definir toda a sua vida futura.
A impossibilidade de dar ré amedronta e encurrala. Por ali, por aqui... Por lá,
bem mais pra lá?
A necessidade quase que vital de escolher por quais trilhos seguir,
por quais caminhos passar, e as consequências das próprias escolhas espantam.
E é exatamente contra o medo que devemos seguir. Pelo caminho a ele oposto.
E digo mais. Ele é o nosso freio mecânico, acionado em todas as horas de risco.
No entanto, quem muita freia, pouco se acidenta. E nem sempre uma batida significa morte.
Pelo contrário, muitas ensinam a viver. Muitas delas cicatrizam o corpo das pessoas.
São as cicatrizes professoras, que lecionam experiência.
Por estas e outras que optei, na minha vida, por usar menos os freios.
Afinal, a durabilidade deles é curta, costuma durar uma infância, e se estende,em casos raros,
até a adolescência. Mas quando adultos, ou quase, começamos a nos dar conta de que ele falha - e tende a piorar.
E, por isso, desencanemos dos freios, pode ser? Não que eu precise correr na velocidade máxima,
mas não quero mais hesitar, não quero mais andar pra trás, não mesmo.
E o próximo passo será seguir sem temer os caminhos, os destinos, as consequências e muito
menos a falha mecânica da minha vida, afinal, não fujo mais das cicatrizes.