segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cara ou coroa

Gosto tanto de surpresas. Mas dessas que te surpreendem mesmo, sabe?

Daquele dia cinza em que, de uma hora para a outra, aparece o sol, egoísta e presunçoso.
Daquela discussão em que, de repente, surge uma desculpa, um arrependimento, um "eu te amo" sincero.
Daquele vestido furado que, depois da mágica materna, surge novinho no seu armário.

Daquela geladeira vazia que quando você despretensioso repara, acaba encontrando um chocolate bem lá no fundo.
Daquela memória que, antes sombria, passa a te guiar, mostrando os caminhos errados que você já percorreu.

Daquele pessoa imprevisível que, sem mais nem menos, te enche de mimos e carinho.
Daquele amor que, sem que você perceba ou peça, sabe te ler inteirinha e traduzir cada sentimento silenciado.
Daquele que te lê com os olhos e que, de um instante a outro, sabe o que você quer, do que você precisa, e como te fazer feliz.

O inesperado pode ser mesmo um bom amigo. Mas é moeda de duas faces.
Cara e coroa. Quando é cara vem contente, quando coroa imponente.

Nessa história de jogar a moeda pro alto, costumava dar de cara com a coroa, sempre.
E nada das surpresas boas, nada dos videntes imprevisíveis à minha volta.

Até que um dia surpreendi-me com a cara. Uma, duas, três vezes...
E resolvi continuar apostando em cara, e desde então a sorte parece ter me acompanhado.

Mas, no fundo, não é questão de sorte. É questão de ver que até a coroa
tem uma cara boa.


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