sábado, 19 de fevereiro de 2011

Minha ponte

Algumas palavras vêm carregadas de vento. São as que despejo em um lugar dentro de mim onde a importância é insignificante. Outras vêm intensas e repletas de sentimento, são as que guardo na parte que tem mais voz ativa dentro de mim: o coração.

As palavras podem ser apenas palavras, com letras soltas entre tantas outras, cuja única função é a de comunicar. Mas podem ser poderosas e maldosas, ferir mais que um punhal, agredir como uma fera, arrancar, estraçalhar, deixar em pedaços. Quase não fazem parte de mim, e se conseguem se aproximar, encontro um jeito de fugir. Fujo do que me faz mal, fujo do mal propriamente dito - em palavras.
Mas existem as sábias, raras e preciosas, palavras amigas e conselheiras, que iluminam e auxiliam. Gosto tanto delas... Costumam sair de bocas amigas e preocupadas.
As minhas favoritas, porém, são aquelas destemidas, que não conhecem o medo. Cheias de verdade e sinceridade implicitas. São as que trafegam nas pontes dos corações. Sai de um e chega ao outro.
Não costumo ouvi-las com muita frequencia, meu coração frio e cauteloso bloqueia minhas pontes. Mas quando ouço palavras que por elas teimam em passar, escuto cada uma como uma criança que ouve uma nova história, com tamanha devoção, a ponto de desobstruir a passagem até então interrompida. Por isso amo tanto as palavras, são elas que me movem e me comovem.