domingo, 26 de junho de 2011

Miopia

Alguma coisa sobre seus olhos. Diziam tanto, mas não se podia ouvir.
Falavam sem enunciar, faziam-me sentir sem me tocar.

Mas os olhos são espertos, por hora desonestos.
Olhos de vidro, adestrados pro engano.

Acreditei, um dia, que eram a janela da alma. Mas que alma é essa que se manifesta sem
toque, sem palavra, sem gestos, sem pronuncia?
Nao quero uma alma muda, que ame em silêncio, que escape pelo olhos, apenas, acomodada, contenta.

Sou filha de todos os sentidos. Preciso daquele amor vivo e estridente,
insatisfeito e ambicioso.

Por isso, não mais me permito, não me deixo e nem me engano: são só seus olhos.

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